O que significa indústria?
As indústrias fazem parte da humanidade desde a Primeira Revolução Industrial que teve início no final do século XVIII e começo do século XIX na Inglaterra. Desde aquela época até os dias atuais essa atividade econômica passou por uma enorme evolução tecnológica, além das mudanças quanto aos tipos de mercadorias produzidas.
A indústria está incumbida de transformar a matéria-prima em um produto com a finalidade de ser comercializado para pessoas ou outras indústrias, isso ocorre com a indispensável participação da força de trabalho humana, incluindo as máquinas e a energia.
Artesanato, Manufatura e Maquinofatura (Indústria)
A revolução industrial vai alterar drasticamente a relação dos homens com o seu trabalho, a forma de se produzir as mercadorias, incorporando-se uma nova disciplina em relação aos espaços públicos e privados e em relação à própria temporalidade.
Para que possamos entender essas alterações devemos ter em perspectiva o contexto inglês e europeu do final do século XVIII. Por volta de 1780, o mundo ainda era essencialmente rural, os portos continuavam sendo a principal saída para o mundo, que era pequeno em se tratando de possibilidades de deslocamentos e gigante em territórios desconhecidos.
Nas cidades ainda predominava a produção de mercadorias através do artesanato ou da manufatura, geralmente para um mercado local ou colonial.
Na produção artesanal, todas as etapas de produção são realizadas na maioria das vezes por uma única pessoa. O artesão até poderia ter auxiliares, mas ele conhecia todas as etapas para a confecção do produto, era dono das ferramentas e tinha acesso ás matérias primas necessárias, ou seja, ele detinha os meios necessários e o conhecimento em relação a todas as etapas de produção. Além disso, antes das transformações introduzidas pela Revolução Industrial, era o artesão quem decidia quantas horas trabalharia por dia, isto é, era ele quem controlava o tempo e a intensidade do trabalho.
Na manufatura, o capitalista reúne um numeroso contingente de trabalhadores em um espaço comum, uma oficina. Apesar de o trabalho ser essencialmente manual, cada um dos artesãos realizava uma etapa da produção da mercadoria: a divisão técnica do trabalho. O artesão já não era responsável pelo produto do seu trabalho, ao contrário, recebia um determinado salário pelo seu tempo de dedicação ou por sua produtividade. A manufatura tinha como objetivo a potencialização dos lucros, mas, ao mesmo tempo, o controle rígido dos trabalhadores.
Na segunda metade do século XVII, com a Revolução Industrial, a manufatura foi substituída pela maquinofatura, o que aconteceu primeiramente na Inglaterra. A energia hidráulica e, depois, os motores a vapor começaram a mover as máquinas, aumentado a velocidade e a precisão da produção, que estava parcialmente automatizada. O trabalhador passou a alimentar a máquina, verificar e controlar sua velocidade e zelar por sua manutenção, ou seja, o trabalhador estava submetido ao regime de funcionamento da máquina e à gerência direta do empresário. Com a divisão de tarefas, operário não conhecia mais todo o processo produtivo: ele dominava apenas a etapa da produção da qual era encarregado. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo.
As Revoluções Industriais
A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas.
Até o final do século XVIII a maioria da população européia vivia no campo e produzia o que consumia. De maneira artesanal o produtor dominava todo o processo produtivo.
Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países como a França e a Inglaterra, possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes oficinas onde diversos artesãos realizavam as tarefas manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da manufatura.
A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos.
Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operário era explorado sendo forçado a trabalhar até 15 horas por dia em troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar para sustentarem suas famílias.
O trabalhador em razão deste processo perdeu o conhecimento de todo a técnica de fabricação passando a executar apenas uma etapa.
A Primeira etapa da Revolução Industrial
Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, primeiramente, à Inglaterra. Houve o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa época o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continuação da Revolução.
A Segunda Etapa da Revolução Industrial
A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao contrário da primeira fase, países como Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse período.
A Terceira Etapa da Revolução Industrial
Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos do século XX e XXI como a terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, o fax, a engenharia genética, o celular seriam algumas das inovações dessa época.
Tipos de Indústria
Indústrias de base: são aquelas que produzem bens que dão a base para o funcionamento de outras indústrias, ou seja, as chamadas matérias primas industrias ou insumos industriais, como o aço. São as indústrias de siderurgia, petroquímica, celulose, etc.
Trabalhador caminha entre rolos de aço em uma siderúrgica |
Indústrias de bens de capital ou intermediárias: são aquelas que produzem equipamentos necessários para o funcionamento de outras indústrias, como as de máquinas.
Indústrias de bens de consumo: são aquelas que produzem bens para o consumidor final, a população comum, Elas subdividem-se em: Bens duráveis: as que produzem bens para consumo a longo prazo, como automóveis. Bens não duráveis: as que produzem bens para consumo em geral imediato, como as de alimentos e remédios.
Distribuição das Indústrias
A atividade industrial é a principal fonte de atração demográfica, urbana e econômica de determinado território. Mas o que interfere em sua localização? Por que uma indústria se encontra em uma determinada localidade espacial e não em outra? A resposta para essas questões é chamada de fatores locacionais, que são as vantagens competitivas que as empresas e as indústrias veem em um determinado local que atraem seus respectivos investimentos.
Na escolha da localização de uma indústria, não é considerado somente um fator, mas sim todos aqueles que são benéficos à indústria. Uma ressalva para indústrias mineradoras, que se localizam em lugares onde a matéria-prima está disponível. Um exemplo clássico são as indústrias do século XVIII, que deveriam ficar próximas à sua matéria-prima de fonte energética: o carvão.
Atualmente, conforme a mudança nos tipos de indústria, sua localização não será tão somente em função da proximidade de sua matéria-prima.
Porém, quais são os fatores locacionais?
Podemos enumerar sete tipos principais, a saber:
Transporte: envolve infraestrutura (qualidade, disponibilidade e meios); custos dos transportes; novas tecnologias e meios de transportes. Para cada tipo de produto da indústria há um meio de transporte adequado.
Energia: infraestrutura de energia em uma dada região, como a disponibilidade, estrutura de transmissão e novas tecnologias.
Mercado-Consumidor: tamanho do mercado, juntamente com as características socioculturais do consumidor e seu poder aquisitivo. Acesso físico do cliente ao produto (no caso, os meios de transporte).
Matérias-primas: é um fator locacional clássico. Envolve a disponibilidade, o tipo e a qualidade da matéria-prima, como também seu custo e transporte.
Mão de obra/força de trabalho: envolve a disponibilidade, produtividade, qualificação, nível de organização e salários, como também as regras jurídicas que variam de acordo com cada país ou região de um mesmo país.
Incentivos fiscais: é quando o governo concede isenções de impostos, como o ICMS, às indústrias, para instalarem-se em seu território. Em muitos casos, há também a concessão de terrenos para a instalação da unidade produtiva da fábrica. No Brasil, instalou-se nos últimos anos uma “guerra fiscal” entre municípios e estados da federação para a atração de indústrias para seus respectivos territórios.
Disponibilidade de Capital: refere-se à disponibilidade do mercado em dispor, sempre que necessário, ao empresário, recursos em dinheiro para novos investimentos, bem como um ambiente propício aos negócios (relações financeiras) para trocas de capitais (bancos, empresas, etc.).
O Processo de Desconcentração Industrial
Desconcentração industrial é o nome dado ao processo que se caracteriza tanto pela diminuição do ritmo de crescimento da indústria nos grandes centros urbanos como pelo aumento do número de empresas que preferem transferir suas atividades, instalando novas unidades de produção em cidades menores, geralmente localizadas no interior.
Com a super concentração do capital nas enormes manchas urbanas acabou ocorrendo uma forte elevação no preço dos imóveis, o congestionamento das redes de transporte e comunicações, esgotamento de reservas de matérias primas e energia e a elevação do custo de mão de obra.
Esses fatores fizeram com que houvesse uma reorganização na distribuição geográfica das indústrias, onde essas passaram a buscar cidades, geralmente médias ou pequenas, que ofereçam melhor infra estrutura urbana, com área disponível para a expansão de suas atividades e onde os governos municipais concedem incentivos fiscais.
No Brasil o que se verifica é uma grande concentração de estabelecimentos industriais na região Sudeste até a década de 1970.
A concentração industrial na região Sudeste e, sobretudo, no Estado de São Paulo, deve-se a fatores históricos. Esses fatores (a lavoura de café, entre outros) orientaram o surgimento da atividade industrial nessa região. Mas um outro fator também explica essa concentração espacial – é a interdependência que se estabelece entre as várias empresas industriais. Por exemplo, a indústria automobilística está ligada às metalúrgicas, às indústrias de autopeças, de tintas, de vidros etc.
Além disso, a concentração industrial é acompanhada pela concentração das demais atividades econômicas e extra-econômicas. Assim, a indústria, o comércio e o sistema bancário e financeiro dependem uns dos outros.
Por outro lado, a concentração das atividades econômicas gera um grande número de empregos, atraindo população de outras regiões e criando grandes centros populacionais, que necessitam de serviços, incluindo-se escolas, centros culturais e profissionais. Por isso, as grandes metrópoles são também os núcleos culturais mais desenvolvidos do país.
A desconcentração industrial ocorreu a partir da década de 1970, motivada pelos desequilíbrios regionais que levaram o governo a adotar medidas como incentivos fiscais e programas para as áreas periféricas, surgindo, por exemplo, os pólos petroquímicos de Camaçari (BA) e de Canoas (RS).
Na década de 1980, a crise econômica gerada pelo alto preço do petróleo atingiu a área mais industrializada do país, a região metropolitana de São Paulo, inibindo a instalação de novas unidades industriais, com desvantagens como a organização sindical forte, assustando os empresários, e a saturação da infra-estrutura viária.
A partir da década de 1990, a nova desconcentração ganhou o apelido de “Guerra Fiscal” entre os Estados, pois as indústrias são disputadas entre os Estados, que oferecem terrenos e isenções. As indústrias que, por exemplo, deixam o Estado de São Paulo alegam que o processo de globalização exige custos finais mais baixos para ganhar competitividade, aproveitando as vantagens citadas, além da mão-de-obra mais barata e menos politizada.
Podemos resumir então, os principais fatores pela desconcentração industrial no Brasil:
- Demora nos congestionamentos no trânsito;
- Mão-de-obra cara e sindicalizada nas cidades fortemente industrializadas;
- Alto preço dos imóveis (aluguéis e valor de terreno);
- Melhoria da infra-estrutura de transporte e telecomunicações de outras regiões;
- Incentivos fiscais (isenção de impostos) de outras cidades;